Cornwell um dos mais importantes autores Britânicos da atualidade, com suas obras traduzidas para mais de 16 línguas com seus romances no topo das listas dos mais vendidos nos conta uma das mais famosas lendas: A Lenda de Artur (Arthur, Artorius).
A história do famoso Rei Artur já foi contada de diversas formas por diversos autores e cineastas. Muitos filmes já foram produzidos sobre Artur e sua távola redonda, sua espada Excalibur, Camelot (seu reino), cavaleiro Lancelot, Guinevere (paixão de Artur) e o famoso Druida Merlin. Mas nenhum filme ou livro foi capaz de descrever Artur como faz o autor Cornwell.
Na trilogia As Crônicas de Artur o autor mescla com a lenda do famoso Artur descobertas arqueológicas, acontecimentos e guerras reais ocorridas na Grã-Bretanha período conhecido como a idade das trevas do século V e VI d.C., após a saída dos Romanos.
Nesta obra Artur nunca tornou-se Rei, era o filho bastardo do Rei Uther Pendragon da Dumnonia. Após a morte do Rei Uther, e do príncipe filho do rei, o próximo que assumiria o trono seria o neto chamado Mordred, mas por ser apenas uma criança de berço, alguém teria que ser seu protetor até que o futuro rei tivesse condições de assumir o trono. O principal guardião Artur prometeu cuidar do reino da Dumnonia e proteger o trono até que Mordred pudesse assumir.
Artur um comandante-guerreiro habilidoso e inteligente estabeleceu relações políticas com muitos reinos sempre em busca da paz, mas também guerreou junto com seus cavaleiros contra todos que se opuseram ao reinado do menino Mordred.
Quem narra esta bela história é o principal guerreiro de Artur um lanceiro chamado Derfel. Ele narra suas vitórias ao lado de Artur, como a antiga Britânia entrou em guerra após Artur recusar um casamento com fins políticos para casar-se em segredo com seu grande amor Guinevere, uma mulher esperta e ambiciosa capaz de qualquer coisa para obter poder e reconhecimento.
Muitas cidades e regiões citadas realmente existiram no século V e VI, outras são fictícias para melhor ambientar a obra. O autor explica o fato de não ter utilizado o nome do famoso reino de Camelot, pois segundo fatos levantados, Camelot jamais existiu, ou se existiu no século V e VI d.c. possuía outro nome, sendo que na opinião do autor o lugar mais provável onde teria existido um comandante-guerreiro chamado Artur seria na antiga Dumnonia.
Ao contrário das lendas e filmes, o autor nos conta uma história mais próxima da realidade, com toda brutalidade das guerras que havia na época medieval, os rituais de sacrifício, a imposição da religião cristã sobre as crenças pagãs.
Há os casamentos arranjados de todas as princesas, estas que jamais poderiam escolher seus noivos, sendo obrigadas a casar com reis bárbaros por questões políticas. Conta a pressão dos povos Saxões invasores da Britânia em busca de escravos e terras, em uma Britânia dividida onde seus próprios reinos estavam em guerra.
Os famosos Druidas (feiticeiros) que em muitos casos eram apenas doentes mentais, ou loucos que acreditavam ter poderes adquiridos dos Deuses e espíritos, capazes de fazer qualquer guerreiro ajoelhar-se aos seus pés, aproveitando-se das crenças infundadas das pessoas. O famoso Druida Merlin e sua habilidade de domínio e manipulação, fazendo com que todos Reis e guerreiros acreditassem que ele realmente tinha poderes mágicos, poderes que não passam de conhecimento racional e simples sobre o funcionamento da natureza e a fraqueza do povo acreditando em qualquer mito.
O autor relata de forma surpreendente estes Druidas loucos e irracionais que acreditam estar possuídos por espíritos e acompanham os exércitos nas batalhas. Em algumas cenas eles ficam cuspindo e urinando pelos cantos para quebrar supostos encantos ou também nos Druidas adversários para confrontá-los, caracterizados com seus cabelos lambuzados de esterco, fatos que na época eram considerados normais.
As guerras e batalhas são descritas de uma forma que nos envolve, como se estivéssemos junto dos soldados. Táticas de batalha, como a parede de escudos, uma formação muito utilizada para conter cavaleiros e inimigos. As regras de conduta seguidas e respeitadas pelos comandantes, como quando o exército cruza outro reino com os escudos virados demonstrando que estão passando em paz, cultura que os inimigos costumavam respeitar. E ainda o ouro e espólios roubados dos inimigos mortos, para sustentar os exércitos.
Excalibur a famosa espada que nas lendas é mágica, e apenas Artur é capaz de removê-la de uma pedra onde está cravada, é na verdade uma espada comum e a pedra é uma referência aos círculos de pedra onde guerreiros lutavam para defender sua honra.
Enfim, apreciamos um Artur com qualidades e defeitos, que em outros livros é descrito como cristão, mas que para o autor, ele provavelmente era pagão (religião da época) que se tornou um cego dominado pela paixão por Guinevere. Também o lanceiro Derfel e seu amor quase impossível por uma princesa conhecida por ser a mais bela dos reinos da Britânia. Um Lancelot vaidoso famoso por batalhas as quais nunca participou, mas que acabou levando a fama. E Morgana a famosa feiticeira (bruxa) irmã de Artur, que vive na famosa ilha de Avalon ou Ynys Wydryn. Mas Merlin é o personagem mais intrigante pela sua esperteza.
A trilogia “As Crônicas de Artur” é indispensável aos leitores que curtem belas histórias ambientadas na época medieval, e principalmente para aqueles que sempre foram fãs do lendário Rei Artur. Nos 3 livros há muito mais a ser contado, mais lendas, mais personagens, deixarei que os leitores descubram sozinhos tudo o que faltou relatar neste artigo.
As Crônicas de Artur:
As Crônicas de Artur:
O Rei do Inverno – Volume 1
O Inimigo de Deus – Volume 2
Excalibur – Volume 3
“Um guerreiro deve lutar batalhas em nome de pessoas que não podem lutar por si mesmas”